Ana Martinha da Silva.

Nascida na Chapada dos Guimarães, adorava contar histórias que presenciou momentos importantes do país: da escravidão à abolição, da repressão à liberdade de imprensa, da submissão à expansão da mulher no mercado de trabalho. Ela traz na bagagem de experiência de vida preconceitos e muitas dificuldades.

Cozinheira até os 103 anos, em uma fazenda na região de Várzea Grande, além de ter ao longo de sua vida, lavado e passado roupas para muita gente da sociedade. Ana Martinha tem vontade de viver, o que é exemplo de motivação para qualquer pessoa.

Dos velhos tempos de Cuiabá, ela relembra com nitidez as igrejas de palha e os momentos difíceis da Revolução de 32. Viu os carros substituindo as carroças. Lembra-se também da tristeza que sentiu quando soube da morte do ex-presidente Getúlio Vargas, data a qual tem servido de referência para contar os anos da morte de seu marido. "Quando o Getúlio Vargas morreu, fazia muito, mas muito tempo mesmo que ele já tinha morrido".

Mãe de nove filhos, mas apenas três estão vivos, todos nasceram de parto normal, com os precários recursos da roça, de quando morava em Várzea Grande, em Cuiabá. Quase todos os filhos vieram encarrilhados, criados com muito sacrifício, pois seu marido faleceu quando todos ainda eram crianças.

Morou com uma filha e o genro, alguns de seus filhos, netos, bisnetos e tataranetos foram embora sem deixar endereço. "Sinto saudade de meus filhos, tenho todos eles no coração", mencionava Ana Martinha.

Ela foi tratada com muito carinho pela vizinha e amiga Marli de Paula Ramos, a qual é considerada um anjo da guarda.

CERTIFICAÇÃO:

A entrega solene, do certificado para Ana, a 'vozinha', como é carinhosamente chamada pelos vizinhos, foi feita no dia 22 de dezembro, às 9 horas, no Palácio Paiaguás. Ana Martinha da Silva faleceu no dia 27 de julho de 2004, a mulher mais velha do Brasil.
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